PT pediu investigação em doações após ex-presidente da empreiteira mudar depoimento e retificar valor doado à campanha do senador mineiro em 2014
O PSDB foi intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prestar esclarecimentos sobre as doações feitas pela Andrade Gutierrez à campanha do senador Aécio Neves (MG) para a Presidência da República em 2014.
O pedido do TSE se dá após advogados de Dilma Rousseff (PT) protocolarem, em dezembro do ano passado, uma petição na corte eleitoral pedindo que fossem investigadas as doações feitas pela empreiteira à campanha do tucano. No documento, a defesa da ex-presidente destaca um depoimento dado por Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, na ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014.
Em um segundo depoimento prestado em novembro, Azevedo negou que a campanha à reeleição de Dilma recebeu da empreiteira dinheiro de propina. Confrontado com documentos que contradiziam o seu depoimento anterior, o executivo apresentou uma nova versão dos fatos e afirmou que a contribuição de um milhão de reais feita ao diretório do PMDB foi voluntária, sem nenhuma origem irregular.
Nesse mesmo depoimento, Otávio Azevedo disse que, ao contrário do que havia dito antes, doou para a campanha de Aécio em 2014 19 milhões de reais, e não 12,6 milhões de reais, como havia sido registrado antes.
Para o PT, a correção de Azevedo configura um “fato de extrema gravidade que pode, em tese, determinar que as contas de Aécio sejam julgadas irregulares”, caso se comprove que o PSDB não declarou a totalidade dos valores recebidos da empreiteira.
Também em depoimento na ação contra a chapa Dilma-Temer, ontem, o empreiteiro Marcelo Odebrecht relatou que Aécio Neves teria lhe pedido 15 milhões de reais no final do primeiro turno da campanha eleitoral de 2014.
Odebrecht disse que, inicialmente, negou o pedido do tucano afirmando que o valor era muito alto, mas que o senador teria sugerido como “alternativa” que os pagamentos fossem feitos aos seus aliados políticos.
Após ser preso na Lava Jato, contudo, Odebrecht disse ter sido informado que o aporte financeiro acabou não se concretizando.
Defesa
O PSDB negou nesta quinta-feira que haja contradição nos depoimentos prestados pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez, no que diz respeito às doações eleitorais feitas à campanha do senador Aécio Neves à Presidência da República em 2014.
“O PT atua mais uma vez de má-fé para confundir a opinião pública. Não existe qualquer contradição nos depoimentos prestados pelo empresário Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, em relação às doações da empresa feitas à campanha eleitoral do PSDB em 2014”, diz o PSDB, em nota enviada à imprensa.
“Conforme declarado junto ao TSE, a doação integral da empresa ao Comitê Financeiro Nacional do PSDB foi de R$ 19 milhões. Desse total, R$ 12,7 milhões foram transferidos pelo comitê para a conta de campanha do candidato. O restante foi transferido para outros candidatos, partidos e comitês regionais dentro da estrutura da campanha nacional”, informou o PSDB, que enviou até os recibos eleitorais referentes aos valores doados pela Andrade Gutierrez ao comitê financeiro nacional.
“Na resposta a ser apresentada ao TSE, o PSDB pedirá a condenação do PT por litigância de má-fé, em razão da apresentação de argumentos evidentemente contrários à verdade dos fatos, bem como por fazer uso de processo para fins exclusivamente políticos”, concluiu o partido em nota.
Estadão