O Instituto de Polícia Científica da Paraíba concluiu o laudo sobre a morte de Ewerton Arthur Santos, de 22 anos, funcionário que afundou em um silo de trigo de uma empresa alimentícia em Cabedelo, na Grande João Pessoa, no dia 23 de fevereiro de 2016. As investigações indicaram que a morte do jovem foi causada por asfixia mecânica por sufocação direta e que uma série de fatores ligados a normas de segurança do trabalho foi desrespeitada pela empresa na qual a vítima trabalhava, havendo, conforme a perícia feita, negligência.
Segundo o perito criminal do setor de engenharia do IPC, Robson Felix Mamedes, houve a falta de equipamentos de proteção coletiva e individual. O funcionário também não teria recebido treinamento para aquele tipo de trabalho.
“Percebemos também a falta de uma ‘linha de vida’, que é um cabo que ancora o trabalhador. No momento do acidente, ele andava sobre o trigo e houve o que chamamos na engenharia de ‘engolfamento’, tendo ele sido coberto pelo trigo, que desce pela força da gravidade até uma esteira”, contou o perito, revelando que o jovem ficou sob cerca de 2 mil toneladas do grão.
Outro detalhe notado pela perícia foi a falta de um vigia para contar quantos funcionários entram e quantos saem de ambientes onde há confinamento como o silo, que foi fechado com um cadeado pelo lado de fora após o fim do expediente, que ocorre às 16h. O corpo de Ewerton só foi localizado às 19h daquele dia, quando o pé dele atingiu a esteira inferior. Não foram registradas mutilações. Foi necessário abrir um acesso lateral no local para que parte do trigo escoasse e que profissionais tivessem acesso ao corpo.
O laudo agora será anexado ao inquérito policial. “Pela minha experiência, certamente a empresa deve ser responsabilizada pela negligência”, concluiu Robson.
Com Portal Correio