domingo, 27 de janeiro de 2019

‘Dor em orgulho’, diz filha de Manoel Mattos após dez anos do assassinato do pai


Filha seguiu a mesma carreira do pai e relembra, junto com a avó, os dez anos da morte do ativista dos direitos humanos.

Após dez anos da morte do advogado e ativista dos direitos humanos, Manoel Mattos, a filha do integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, Manoela Mattos, fala em dor e saudade. No entanto, com a opção de seguir a mesma carreira do pai, não deixou apagar o “legado” deixado por Manoel. “Transformei toda aquela dor e sofrimento em muito orgulho, em uma lembrança e saudade que nunca vai acabar”, declarou.

O advogado Manoel Mattos foi morto a tiros de espingarda calibre 12 quando estava em uma casa de praia, em Pitimbu, na Paraíba, em 24 de janeiro de 2009. O crime teve repercussão internacional porque Mattos, além de integrar a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, ele atuava, principalmente, contra grupos de extermínio, com a participação de policiais militares, na divisa entre Paraíba e Pernambuco, região conhecida como “Fronteira do Medo”.

O julgamento de Manoel de Mattos foi federalizado em 2010, por se tratar do caso de uma grave violação dos direitos humanos. Além disso, o julgamento foi transferido para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A conclusão do julgamento aconteceu em 2015, quando Flávio Inácio Pereira, sargento reformado, foi condenado a 26 anos de prisão acusado de ser um dos mandantes do crime. José da Silva Martins, apontado pelo Ministério Público como executor do crime, foi condenado a 25 anos.


Julgamento dos acusados de matar advogado Manoel Mattos aconteceu no Recife. — Foto: Luna Markman / G1

Na mesma ocasião, três pessoas foram absolvidas. Estão soltos José Nilson Borges, suspeito de emprestar a arma, e Sérgio Paulo da Silva, suspeito de acompanhar o executor no dia do assassinato. Cláudio Roberto Borges, suspeito de ser o segundo mandante do crime, também foi absolvido, mas foi morto em 2017 quando dois homens passaram em uma moto atirando e um dos disparos o atingiu. O Ministério Público chegou a pedir a anulação do julgamento, mas o pedido foi negado pela Justiça Federal em 2017.

A mãe de Manoel Mattos, Nair Ávila, não esquece do que o filho poderia ter vivido caso estivesse vivo. “São dez anos de muita dor, muito sofrimento, da ausência do meu filho, pois ele não tem participado de tantas coisas boas que aconteceram na nossa família, na família que ele deixou. A justiça não foi feita, porque os dois que atiraram pegou muito pouco tempo. E os mandantes e financiadores estão soltos. Para mim não foi feito justiça.”, lamentou.



A filha mais nova de Manoel se formou em direito. Hoje, Manoela Mattos segue a carreira do pai, mas confessa que desde os 7 anos de idade falava em seguir o caminho da justiça. “Essa opção veio porque nasceu comigo. Eu não poderia deixar apagar esse legado de Manoel. A gente vem levando essa luta adiante”, declarou.

Manoela tinha 13 anos quando tudo aconteceu. “Quando ele foi levado de nós, sentimos muito, para mim foi muito doloroso. Meu pai não era uma figura apenas me mostrando o caminho, ele era muito amigo, nós conversávamos muito, tínhamos um relacionamento muito próximo”, ressaltou.


Imagem: Reprodução/Facebook PT Itambé







G1/PB