terça-feira, 9 de outubro de 2018
Preso provisório mais antigo da Paraíba acusado de triplo homicídio de finlandeses deixa presídio Roger, em João Pessoa
Vasconcelos Deixou O Presídio Do Roger Na Tarde Desta Quinta (Foto: Hyldo Pereira)
Foi solto do Presídio do Roger, em João Pessoa, Francisco das Chagas Vasconcelos, 58 anos. Ele estava preso há quase sete anos acusado do triplo homicídio dos finlandeses Pasi Kalervo Kaartinen, 71 anos, da esposa dele, Riitta Marjatta Kaartinen, de 68, e a amiga Sirpa Helena Tiihonen, de 60. Eles foram encontrados mortos por trabalhadores em um canavial às margens da PB-044, localizada entre o distrito de Taquara e o município de Pitimbu, no Litoral Sul. O crime aconteceu em dezembro de 2011. Ele era o preso provisório mais antigo da Paraíba. O outro acusado continua preso.
O advogado Roberto Nascimento, que faz a defesa do acusado, explicou que acionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) depois que o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) negou diversos habeas corpus em favor de Francisco.
“Acionamos o STJ defendendo o excesso de prazo legal e a desfundamentação da decisão que manteve a preventiva dele. A quinta turma, por unanimidade, deu um parecer favorável ao nosso pedido e expediu o alvará de soltura de Vasconcelos. Ele estava preso há quase sete anos, era a prisão provisória que mais durou na Paraíba e sem nenhuma testemunha. Apenas o sócio dele na época que executou o crime disse que Vasconcelos estaria também envolvido”, explicou o advogado, dizendo que o acusado vai cumprir algumas medidas cautelares e aguardará o julgamento em liberdade.
Francisco das Chagas, que era funcionário efetivo da Cagepa, deixou o Presídio do Roger por volta das 15h desta quinta. “Justiça de Deus nunca falha. Passei quase sete anos ai dentro [presídio] sem ter participação nesse crime bárbaro. Durante esse tempo perdi de ver minha neta nascer, minha família passando por necessidade, mas eu sempre sabia que a justiça seria feita”, falou.
Entenda o caso
Os corpos dos três finlandeses foram encontrados em um canavial no Litoral Sul da Paraíba, às margens da PB-044, no dia 3 de dezembro de 2011 por trabalhadores da região. No dia 6, um comerciante de 51 anos foi preso suspeito de participar do triplo homicídio.
Em seguida, foi preso em São Paulo um mecânico de 58 anos suspeito de planejar o assassinato. Ele foi detido durante uma operação conjunta com a Polícia Civil da Paraíba e foi levado para João Pessoa no dia 15. À época, a Polícia Civil informou que o suposto mentor do triplo homicídio estava na casa de parentes no bairro de Mandaqui, na Zona Norte da capital paulista, e já tinha tingido e cortado os cabelos. A tentativa de disfarce teria como objetivo uma fuga do país.
Na casa do mecânico foram apreendidos dez cartões de créditos das vítimas e ainda o veículo que teria sido utilizado para transportar os corpos antes mesmo da prisão. A Polícia explicou que ele estava com uma procuração que o autorizava a vender a casa e ainda três terrenos do finlandês Pasi Kalervo localizados na praia de Jacumã, no Litoral Sul da Paraíba. Pelas investigações, o mecânico teria comprado a casa do estrangeiro por R$ 290 mil, mas não teria pago a quantia para o finlandês. Segundo relatos de testemunhas, os outros três terrenos de propriedade da vítima teriam sido vendidos pelo suspeito, mas o dinheiro não teria sido repassado.
Os familiares das vítimas informaram que Pasi Kalervo teria retornado para o Brasil para solucionar a questão. O casal, juntamente com a amiga, entrou no país no dia 20 de novembro. Eles costumavam passar temporadas na Paraíba, fugindo do inverno europeu. Ainda segundo parentes, quando ele vinha para o Brasil com a família ficava cerca de seis meses na casa de praia.
O crime foi classificado como triplo homicídio qualificado com ocultação de cadáver. Pelas duas perícias realizadas na casa, o delegado concluiu que provavelmente os três turistas foram assassinados dentro da residência com vários tiros entre a noite do dia 30 de novembro e a madrugada do dia 1º de dezembro, quando os vizinhos ouviram tiros.
O crime foi classificado como triplo homicídio qualificado com ocultação de cadáver.
Portal do Litoral