As mudanças no uso rotativo do cartão de crédito, por si só, dificilmente diminuirão a inadimplência, segundo o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos. “Por mais que o valor total da dívida seja diminuído, as parcelas mensais acabarão sendo iguais ou até mesmo maiores que o valor mínimo da fatura. Ou seja, no orçamento mensal do consumidor, a diferença será quase nula”, diz.
Para o educador financeiro, a saída para o problema está menos em acompanhar as taxas e muito mais em se educar financeiramente. “Quem chegou ao ponto de não conseguir pagar as parcelas mensais precisa fazer, imediatamente, um diagnóstico financeiro para rever sua situação e combater a verdadeira causa do problema”, diz.
Entenda as mudanças
Antes, o consumidor deveria fazer o pagamento mínimo (15% do valor da fatura) até o vencimento para não ficar inadimplente. O restante da dívida, acrescido de juros, era cobrado no mês seguinte e o consumidor poderia fazer o pagamento mínimo novamente, mês a mês, gerando a famosa “bola de neve” do rotativo do cartão.
Com a mudança, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo por um mês. Depois disso, o banco ou a instituição financeira é obrigada a oferecer uma linha de crédito para que parcele o saldo devedor com juros menores do que os do rotativo, gerando uma dívida total menor.
Confira sete cuidados para o consumidor
1- Com a mudança, por mais que o valor total da dívida seja diminuído, as parcelas mensais acabarão sendo iguais ou até mesmo maiores do que o valor mínimo da fatura. Ou seja, no orçamento mensal, a diferença será quase nula. Portanto, caso perca o controle financeiro e não consiga pagar a fatura total do cartão no vencimento, é preciso fazer, imediatamente, um diagnóstico financeiro e descobrir a verdadeira causa do problema;
2- Buscar uma linha de crédito com taxas de juros menores é válido, contudo trocar uma dívida pela outra não é a solução. É preciso ter responsabilidade na hora de consumir, portanto sempre se pergunte se realmente precisa do item, se tem dinheiro para comprar e se tem como pagar a fatura total do cartão no vencimento;
3- Se tiver apenas um ganho mensal, deverá ter apenas um cartão de crédito; caso ganhe semanalmente, poderá ter até três cartões, para os dias 10, 20 e 30. Com isso, poderá comprar seis dias antes do vencimento de cada um deles, ganhando 36 dias para pagamento;
4- O limite do cartão de crédito não deve ultrapassar 50% do salário ou ganho mensal, o que evitará gastar mais do que se recebe. É importante que a soma das dívidas não ultrapasse 30% do salário ou ganho mensal, justamente para evitar o descontrole financeiro;
5- Ao fazer parcelas fixas, é preciso ter consciência que está comprometendo o orçamento mensal dos próximos meses, portanto é imprescindível controlar os gastos;
6- Evite o pagamento de anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção. Também nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que seja conhecida;
7- Uma forma educada financeiramente de utilizar o cartão de crédito é saber aproveitar os benefícios que ele pode oferecer, como prêmios ou milhagens.