Mesmo após a chegada das águas do Rio São Francisco, até o próximo mês, o racionamento de água em Campina Grande e nas outras 18 cidades abastecidas pelo açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, no Cariri paraibano, só vai acabar quando o reservatório sair do volume morto. A informação foi confirmada pela Companhia de Águas Esgotos da Paraíba (Cagepa) nesta sexta-feira (3). Apesar de não haver previsão de fim, o órgão confirmou que em um primeiro momento o racionamento vai ter uma leve redução.
O racionamento na região abastecida pelo açude começou em 6 de dezembro de 2014, quando o manancial estava com 24% do volume. Segundo os dados da Aesa, nesta sexta-feira o açude de Boqueirão está com 3,7% da capacidade total. Ele entrou no volume morto em 18 de junho de 2016 ao atingir a marca de 8,22%, o que corresponde a 33,875 milhões de metros cúbicos de água. O volume morto é considerado quando o nível do açude fique abaixo do sistema de captação convencional, por meio de gravidade.
O gerente regional da Cagepa, Ronaldo Menezes, explicou que ainda não sabe dizer quando o açude vai sair do volume morto pois ainda não é possível saber exatamente quantos litros de água por segundo Boqueirão vai receber das águas do Rio São Francisco.
Uma estimativa feita pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) aponta que o açude receba em média 5 metros cúbicos de água por segundo da transposição.
A Aesa também prevê que água comece a chegar em Boqueirão entre os dias 20 e 25 de abril deste ano. Já o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) acredita que a água chegue até o dia 30 de março, por causa das boas condições de chuvas.
“Se a vazão de água que Boqueirão receber for esta de 5 metros por segundo, existe uma estimativa de que o açude saia do volume morto em pelo menos dois meses e meio ou até três meses depois que começar a receber água. Aí vamos poder pensar em fim de racionamento. Mas, esse prazo pode variar pela quantidade real de água que vai entrar em Boqueirão. A ocorrência de chuvas na região também pode alterar esses prazos”, explicou Ronaldo Menezes.
“Mesmo que a gente quisesse oferecer mais água isso não seria possível agora, pois, como o açude está no volume morto, a água só consegue ser captada pelo sistema de bombas flutuantes, que puxa no máximo 850 litros por segundo. Quando o açude sair do volume morto e o sistema de captação de fundo voltar a funcionar, aí teremos como avaliar o fim do racionamento, pois a captação vai voltar a ser de 1200 a 1400 litros de água por segundo”, explicou Ronaldo.
Redução no racionamento
Por outro lado, o gerente confirmou que a chegada das águas do Rio São Francisco ao açude de Boqueirão vai fazer com que a Cagepa possa diminuir o racionamento de água no primeiro momento, em Campina Grande. Segundo Ronaldo Menezes, o racionamento vai continuar sendo no mesmo modelo, mas as zonas vão poder ter água por mais horas.
“Hoje o racionamento em Campina Grande é feito pela divisão em bairros em duas zonas. Uma recebe água da madrugada da segunda-feira até o fim da noite da quarta-feira e outra zona recebe água da madrugada da quinta-feira até a tarde do sábado. O que vai acontecer é que cada zona vai receber água por um pouco mais horas pelo fim de semana. Mas, liberar água para todos os bairros de uma vez ainda não é possível, pois as bombas flutuantes não conseguem captar água suficiente para essa demanda”, explicou Ronaldo Menezes.
G1PB