O ano de 2017 entrou para a história do Galo da Madrugada, é fato. Não apenas pela polêmica e controversa alegoria gigante do Galo, instalada no percurso do desfile do proclamado “maior bloco de Carnaval do mundo” em 1995, pelo Guiness Book.
É que, pelo menos até o fim da manhã deste Sábado de Zé Pereira, visualmente o bloco não tinha superlotado as ruas estreitas do Centro do Recife, por onde passa o cortejo e os 24 trios arrastando multidões. Os pés da própria alegoria gigante, que naturalmente reúne muita gente como ponto turístico, estava vazio até o meio dia.
Galo da Madrugada reina absoluto na Ponte Duarte Coelho. Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Mesmo “vazio” para o que é o padrão do Galo da Madrugada o desfile não deixou de reunir o que é mais característico no Carnaval de Pernambuco: a criatividade dos foliões. E teve espaço para tudo, de crítica social à descontração das fantasias do pessoal que passa o ano inteiro “investindo” para arrasar na festa.
Foto: Guga Matos / JC Imagem
Zumbis da crise entre os fantasiados. Foto: Guga Matos/JC Imagem
É como se o Galo tivesse voltado no tempo dos antigos carnavais. Logo cedinho, na concentração para o tradicional Café da Manhã do Galo, Rei e Rainha do Carnaval do Recife receberam os coloridos súditos para para dar boas vindas à festa. Diabos e diabas loiras, “aposentados” e até zumbis compareceram ao Forte das Cinco Pontas (também no Centro da Cidade) para carregar as energias para a festa que seguiu sol à pino pelas ruelas da capital pernambucana.
Folião aposta na irreverência – mas o leão da inflação está lá
Parte do “esvaziamento” do Galo se deveu à tensa situação pré-Carnaval, com ameaça de greve dos policiais militares em Pernambuco. Ponto para a segurança, neste caso. Bloqueios em vários pontos de entrada no circuito do trajeto foram registrados – não se podia entrar com material de vidro nem com armas brancas ou de fogo (óbvio).
Inclusive os foliões nas ruas fizeram questão de agradecer aos oficiais a presença nas ruas.
Renato Góes, Fabiana Karla e Lucy Alves
Gaby Amarantos é pura simpatia. Foto: Guga Matos
Nos camarotes – eles existem e têm se proliferando – o clima era de completa animação… Duetos entre os artistas que estavam nos trios – como Joelma (Calypso), Fafá de Belém, Geraldinho Lins com Lucy Alves. Até uma animadíssima Rita Cadilac apareceu para celebrar a festa – que esse ano teve o tema “Roda e Avisa”, em homenagem ao programa Cassino do Chacrinha.
É claro que o ritmo predominante da festa é e tem que ser o frevo. Neste ano o bloco homenageou dois representantes da música pernambucana: o cantor Alceu Valença e o compositor Jota Michiles. Mas teve espaço pra brega, mangue, rock. Dentre as atrações dos trios, nomes de destaque na música nacional e local como Fafá de Belém, Joelma, Fulô de Mandacaru e Geraldinho Lins.
POLÊMICA GALINÁCEA
Foto: Diego Nigro / JC Imagem
A estrutura do Galo da Madrugada passou por mudanças em 2017. Deixou de ser confeccionado por Sávio Araújo, artista plástico pernambucano que esteve à frente da alegoria nos últimos sete anos, e está foi elaborado pelo apresentador e grafiteiro Flávio Barra. A decisão da prefeitura causou polêmica entre artistas do estado, que alegaram falta de reconhecimento por parte da gestão.