A operação Lava Jato tem se aproximado perigosamente do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo Filho. O ex-senador paraibano é citado na delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, como responsável, ao lado do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), pela cobrança de R$ 30 milhões em propina de um grupo de empreiteiras cujos dirigentes temiam ser convocados para depor na Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) da Petrobras. O colegiado era presidido por Vitalzinho na época em que, segundo Azevedo, o dinheiro foi cobrado em forma de doação de campanha que seria feita pelo “grupo de empresas”.
De acordo com reportagem do Valor Econômico, os depoimentos constam na delação premiada já homologada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná. O contato com Otávio Azevedo, de acordo com o relato, foi feito primeiro por Gim Argello, que foi preso durante a operação Vitória de Pirro, numa das etapas da Lava Jato. “Gim Argello pediu, neste mesmo telefonema (…) que o depoente [Azevedo] apresentasse Leo Pinheiro [então presidente da OAS] a Gim Argello” e que então “convidou Leo Pinheiro para participar desta reunião; que o assunto não foi antecipado, apenas dizendo que ‘seria uma conversa’ (…) e que o encontro “efetivamente ocorreu na casa do depoente em São Paulo, na Rua Afonso Brás”.
Azevedo é o segundo a incluir Vital do Rêgo em delação premiada. O outro foi o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), cassado nesta terça-feira (10) pelo Senado por quebra de decoro parlamentar. No relato de Amaral, Vitalzinho e Argello faziam reuniões semanais com os donos de empreiteiras para extorquir dinheiro em troca da não convocação para depor na CPI. No encontro com os então senadores, Otávio Azevedo disse ter ficado claro que o objetivo dos dois era pedir doações de campanha. O então presidente da Andrade Gutierrez relatou que já havia colaborado com Vital em releições anteriores, inclusive com o irmão dele (Veneziano Vital), via diretório nacional do PMDB.
Vital do Rêgo foi candidato ao governo da Paraíba em 2014 e foi derrotado ainda no primeiro turno. No segundo, apoiou a reeleição do governador Ricardo Coutinho (PSB). O ex-senador foi indicado para o TCU pelo então líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Otávio Azevedo disse que os dois pediam colaboração para um “grupo de políticos” que eles diziam representar. “Gim Argello disse que a ideia era formar um grupo de empresas para doar um total de R$ 30 milhões em contribuições eleitorais (bônus eleitoral) para este grupo”. O empresário disse que não iria contribuir com as campanhas porque não se sentia fragilizado o suficiente para ceder à pressão.
Vital do Rêgo foi denunciado no Supremo Tribunal Federal na semana passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por suposta cobrança de propina no período em que comandou a CPMI da Petrobras. Em nota à imprensa, o ministro negou todas as acusações e disse confiar no trabalho do Supremo Tribunal Federal.
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