quinta-feira, 5 de maio de 2016

Pesquisa paraibana alerta para efeitos do zika vírus além da microcefalia

Em audiência pública na Comissão Externa de Acompanhamento de Ações sobre o Zika Vírus da Câmara, a médica e presidente do Instituto Paraibano de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), Adriana Melo, alertou para a necessidade de se investir em pesquisa para conhecer toda a extensão dos prejuízos causados pelo zika vírus. Sediado em Campina Grande (PB), o instituto vem desenvolvendo pesquisas sobre o zika vírus e sua atuação em fetos e bebês. 

Durante o debate realizado nesta quarta-feira, Adriana Melo afirmou que não se deve mais ligar o zika somente ao perímetro da cabeça, porque crianças com cabeças de tamanho normal apresentaram efeitos da doença com a diminuição do tamanho do cérebro.

Médica de gestões de alto risco na maternidade pública de Campina Grande, Adriana Melo foi a primeira a apresentar provas da relação entre o zika vírus e a microcefalia de bebês nascidos de mães contaminadas durante a gestação pelo mosquito Aedes aegypti.

Adriana Melo enfatizou que os médicos responsáveis pela realização de ultrassonografias precisam ser capacitados para reconhecer os efeitos do zika já durante os primeiros exames. “A gente não pode entender uma doença trabalhando na base do achismo. A gente tem que provar cientificamente. E ainda tem um longo caminho para percorrer em termos de comprovação científica. O mais urgente, além do combate, é unir especialistas para tentar ver qual é a melhor maneira de combater, para depois a gente não criar uma arma que lá na frente vai ser uma armadilha para a gente.”

Recursos parados
O presidente da comissão, deputado Osmar Terra (PMDB-RS), ressaltou que a epidemia de zika é grave, ainda mais quando o País enfrenta uma grave crise política em que o governo federal está imóvel e não consegue investir os recursos que já foram destinados pela Câmara para combater o zika vírus. “Recursos que a Câmara destinou – R$ 500 milhões – não estão sendo aplicados nas áreas chaves, nas áreas básicas, nós não temos kits de diagnóstico. A doença pode estar sendo transmitida de outras formas não só pelo mosquito, a gente não sabe.”

O parlamentar acrescentou que ainda não se consegue dimensionar o tamanho da epidemia e ressalto que os dados do Ministério da Saúde são baseados apenas no tamanho da cabeça dos fetos e que alguns casos são confirmados e outros não. “Mas não tem nem a totalidade dos casos investigados.”

Pesquisadores
A Comissão se reúne nesta quinta-feira para ouvir os pesquisadores José Cerbino Neto, infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), e Pedro Reginaldo Prata, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.

Agência Senado