A poucos dias de seu provável afastamento, a presidente Dilma Rousseff acelerou a liberação de verbas orçamentárias de interesse direto de deputados e senadores, conhecidas como emendas parlamentares. Entre os contemplado está o deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP).
Ex-ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, respondeu por uma das traições ao governo mais notadas na votação do dia 17, mas conseguiu R$ 500 mil para a cidade de São Bento.
Somente na última sexta-feira (29), o Executivo autorizou gastos de R$ 55,7 milhões destinados ao atendimento de despesas da cota individual de cada congressista no Orçamento de 2016.
Até então, o total autorizado (empenhado, no jargão técnico) para essa modalidade de gasto não passava de R$ 8,3 milhões. Em 2015, os empenhos até abril somavam apenas R$ 4,8 milhões.
A liberação de recursos para emendas – dedicadas, em geral, a obras e projetos nas bases eleitorais dos políticos – é um instrumento tradicional de negociação entre o governo e o Congresso.
Em abril, a agenda legislativa do Planalto se concentrou na tentativa fracassada de barrar o avanço do processo de impeachment de Dilma. Os principais contemplados pelas verbas autorizadas no último dia útil de abril pertencem, na grande maioria, a partidos que fazem ou fizeram parte da base de apoio à presidente.
Predominam na lista deputados das regiões Norte e Nordeste, onde a petista concentrou a busca de votos. Mas vários dos que abandonaram Dilma e votaram por seu afastamento também tiveram emendas atendidas.
Um campeão de liberações foi Édio Lopes (PRRR), que obteve pelo menos R$ 5 milhões para três cidades de Roraima. Ele foi um dos dez deputados do partido a votar contra o impeachment.
O ministério que mais empenhou verbas no dia foi o da Integração Nacional, com R$ 51,5 milhões. Os recursos restantes vieram da Educação (R$ 3,4 milhões) e do Turismo (R$ 0,8 milhão).
A última pasta destinou R$ 110 mil a uma emenda de Fabio Mitidieri (PSDSE), um dos oito votos obtidos por Dilma no partido. “Não sou ladrão, não sou corrupto, não sou vendido. Não sou nem sequer petista”, disse Mitidieri, ao anunciar o voto.
Redação com Folha de S. Paulo