sábado, 20 de fevereiro de 2016

Família faz velório de comerciante em bar com cerveja liberada e samba


Fã de samba e boêmio famoso de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, o dono de bar Gleisson Silva teve o desejo atendido depois de morrer. Ele foi velado dentro do estabelecimento, rodeado de amigos, com cerveja liberada e samba até o sol raiar, no sábado (13).

Gleisson morreu aos 68 anos, era casado há 44 e tinha quatro filhos. Flamenguista e portelense de coração, ele era dono de um bar no bairro Ilha da Luz há mais de 30 anos.

“Meu pai, quando ia ao velório de algum amigo, voltava triste e cabisbaixo. E ele sempre dizia: ‘no meu velório não quero tristeza, quero samba, quero ser velado dentro do bar’”, contou Glaucio Fragosos da Silva, 42 anos, filho e atual dono do bar.

Segundo a família, ele teve um acidente vascular cerebral na terça-feira de carnaval, após uma viagem para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e foi internado em um hospital da cidade. Dois dias depois, Gleisson sofreu três paradas cardíacas e faleceu na manhã de sexta-feira (12).

O corpo de Gleisson chegou ao bar às 11h do mesmo dia para ser velado. Amigos e familiares de Vitória, do Rio de Janeiro e de Cachoeiro começaram a aparecer, numerosos. “Acho que ao todo, entre idas e vindas, umas três mil pessoas passaram para ver meu pai. É muito bom saber que seu pai, quando morre, é bem quisto”, falou Glaucio.

Com o grande número de visitantes chegando para prestar as últimas homenagens a Gleisson, a rua em frente ao bar foi rapidamente tomada de pessoas e carros. A comoção foi tão grande que a Guarda Municipal teve que intervir para impedir que o trânsito fosse totalmente bloqueado.

Velório
O sol foi baixando e os amigos do samba foram chegando, cada um trazendo seu instrumento. Em uma roda de samba improvisada, eles tocaram os clássicos do samba que tanto agradavam ao falecido. “Quando o negócio animava demais alguém gritava ‘fala baixo que vai acordar o veio’”, lembrou Glaucio.

O batuque seguiu noite adentro e só parou de manhã, quando era a hora de levar o corpo para sepultamento. Gleisson Silva foi enterrado no cemitério municipal do Coronel Borges por volta das 8h da manhã de sábado (13).

No total, foram consumidas 11 caixas de litrão de cerveja, 20 caixas de latão e 15 litros de cachaça. Tudo de graça, para chorar a morte do bon vivant. “Foi muito bom ver todo mundo, receber as pessoas que meu pai tanto gostava. Era uma pena que ele não pode aproveitar com a gente”, concluiu o filho.
Com G1