sábado, 13 de abril de 2019
Na Paraíba, após matar e enterrar namorada, jovem desenterrou corpo pra queimar
O depoimento de um adolescente está ajudando a Polícia Civil a elucidar o caso da morte de Ana Katarina, de 17 anos, da cidade de Soledade, no Cariri paraibano. O namorado dela, Alisson Bruno, de 21 anos, foi preso como principal suspeito do crime. O depoimento prestado pela testemunha nesta quinta-feira (11) tem detalhes de como Alisson agiu e como fez para ocultar o corpo da vítima. O namorado também planejou incriminar outra pessoa pela morte.
Ana Katarina havia desaparecido no dia 3 de junho de 2018. Após 10 meses de investigação a Polícia Civil conseguiu chegar a autoria do crime. Antes de ser preso, Alisson já vinha sendo investigado. Ele negava saber o que tinha acontecido com a namorada, mas moradores de Soledade disseram que haviam visto a adolescente pela última vez com ele em uma moto.
A morte
Segundo a Polícia Civil, o depoimento foi prestado por um amigo de Alisson Bruno, a quem ele confidenciou o crime e pediu ajuda para ocultar o corpo após matar Ana Katarina. De acordo com o depoimento, Alisson matou a namorada com tiros de espingarda de cano duplo, fabricada de forma caseira. O crime ocorreu no dia 3 de junho de 2018, mesmo dia em que a família percebeu o desaparecimento da garota.
A testemunha contou que depois de matar Ana Katarina, o namorado dela enterrou o corpo próximo a um manancial conhecido como “Açude do Estado”, ainda na cidade de Soledade. Para evitar que o corpo da namorada fosse encontrado, Alisson colocou fezes de animais por cima da cova.
O plano
A testemunha disse que foi procurada por Alisson Bruno, uma semana após o crime, quando ele contou o que havia feito e pediu ajuda do amigo. No depoimento, a testemunha contou que o plano de Alisson era desenterrar o corpo da namorada que estava em Soledade, queimar e depois enterrar novamente, mas na cidade de Boa Vista.
Ainda segundo a testemunha, Alisson tinha um plano para tentar incriminar outra pessoa pela morte de Ana Katarina.
“Alisson disse o seguinte: Vamos carbonizar ela (Ana Katarina) e depois levar pra Boa Vista-PB e acusar “Jhony”, pois depois compraremos um celular e um chip e ir(remos) pra Campina (Grande) fazer ligação pra Polícia acusando Jhony e dizendo o local onde estaria a ossada dela”, disse a testemunha em depoimento.
Segundo a Polícia Civil, “Jhony” – a quem Alisson pretendia incriminar – seria um antigo paquera de Ana Katarina. Ainda segundo a Polícia Civil, quando Ana Katarina tinha desaparecido, Alisson já havia dito em depoimento que ela fugiu da cidade pra ir atrás de “Jhony” e morar com ele. Ele tentou sustentar a versão depois de ser preso.
Carbonização do corpo
A testemunha disse a Polícia Civil que no mesmo dia em que Alisson lhe procurou pra pedir ajuda, ele voltou ao local onde o corpo estava enterrado. Nesse dia a testemunha confessou que foi com Alisson ao local onde o corpo estava enterrado.
Na semana seguinte, a testemunha disse que Alisson lhe procurou novamente pra pedir uma lanterna e uma enxada emprestada. Com as ferramentas, Alisson foi até um posto de combustíveis na cidade, comprou gasolina, desenterrou o corpo e ateou fogo. Porém, segundo a testemunha, Alisson disse que o corpo não queimou por completo na primeira tentativa e ele precisou queimar o corpo pela segunda.
Enterro da ossada
A testemunha disse também que Alisson lhe contou que pegou os restos mortais de Ana Karatina, colocou em uma sacola preta e levou até a cidade de Boa Vista, no Cariri, e enterrou. A ossada queimada foi encontrada pela Polícia Civil no dia 29 de julho de 2019, quase dois meses após o crime. Os restos mortais estavam enterrados as margens da BR-412.
“Saindo de Soledade, ele fez um trajeto de 25 km entre Soledade até a Praça do Meio do Mundo. Depois ele entrou na BR-412 e parou após 5 km no sentido a Boa Vista. Foi onde a ossada foi encontrada”, disse o delegado Durval Barros, que está a frente a investigação.
Testemunha nega participação
Durante o depoimento, o adolecente que deu detalhes do crime, contou que Alisson lhe chamou para desenterrar vítima e queimar o corpo e também lhe chamou para enterrar a ossada queimada em Boa Vista, porém disse que recusou. A testemunha disse que depois contou tudo para a mãe, pois estava com medo de Alisson fizesse algo contra ele, por ter recusado ajudar. A mãe da testemunha foi com o filho até a delegacia, quando ele prestou o depoimento contando tudo.
A prisão
Alisson Bruno foi preso na manhã do dia 3 de abril deste ano, na cidade de Soledade, por força de um mandado de prisão temporária. A Polícia Civil já havia pedido a prisão dele meses antes, mas o pedido havia sido negado pela justiça, por falta de prova material.
O mandado de prisão foi expedido depois que a Polícia Civil encontrou indícios de que a ossada encontrada em Boa Vista poderia ser de Ana Katarina. A confirmação veio depois de um confronto de DNA feito com material genético da mãe de Ana Katarina e da ossada.
Perfil “Fake”
Ainda de acordo com a Polícia Civil, depois do desaparecimento da adolescente, um primo dela recebeu mensagens em uma rede social de um perfil que tinha a foto da adolescente desaparecida, dizendo que estava bem e perguntado por parentes. Porém, a Polícia Civil acredita que trata-se de um perfil falso que foi feito por Alisson para deixar a impressão de que a adolescente estaria viva.
Primeira cova
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Civil fez buscas nas proximidades do “Açude do Estado” pra tentar encontrar o local onde o corpo de Ana Katarina foi enterrado pela primeira vez, antes de ser desenterrado e queimado. As buscas aconteceram até o fim da tarde, mas a cova não foi encontrada. As buscas devem continuar nesta sexta-feira (12).
Feminicídio
Alisson Bruno está sendo indiciado pelo crime de feminicídio. Segundo a Polícia Civil, a investigação mostra que Alisson era violento e ciumento com Ana Katarina. A versão de violência também foi confirmada pela mãe, a Polícia Civil.
Ferramentas apreendias
Também nesta quinta-feira (11) a Polícia Civil conseguiu apreender uma lanterna e uma enxada que foram usadas pelo autor do crime, na hora de desenterrar o corpo, antes de carbonizar. Os materiais foram emprestados pela testemunha que deu detalhes do crime.
G1PB