Um homem de 34 anos foi atacado por um tubarão na praia de Piedade em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na tarde deste domingo (15). De acordo com o Corpo de Bombeiros, o chamado para socorrer Pablo Diego Inácio de Melo, natural de Natal, no Rio Grande do Norte, foi feito às 14h38.
Depois dos primeiros socorros feitos por duas equipes de bombeiros, a vítima foi levada de helicóptero ao Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área central do Recife. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), Pablo Diego foi encaminhado ao bloco cirúrgico.
Há lesões nos dois braços e na perna direita do paciente e seu estado de saúde é considerado grave. Os médicos, no entanto, não sabem se haverá necessidade de amputação dos membros.
De acordo com o oficial de operações do Grupamento Marítimo (GBmar) que participou do atendimento, capitão Arthur Leone, o homem estava numa área sinalizada por placas. “Ele estava com água na altura da cintura e provavelmente foi mordido primeiro na perna, tentou se defender e em seguida foi mordido nos braços”, conta.
Dois outros homens que estavam na água junto com Pablo ajudaram a retirá-lo do mar. “Ele foi resgatado consciente”, informou o bombeiro Wellington Miranda.
“Esse incidente na Praia de Piedade ainda vai passar por um processo de análise para verificarmos as circunstâncias. Nossa missão inicial é coletar o máximo de informações para entender o que houve”, explicou o presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), coronel Leodilson Bastos.
No dia 7 de abril de 2018, o Cemit havia atingido a marca de três anos sem incidentes registrados no continente. Os três últimos casos haviam sido registrados em Fernando de Noronha.
“Esse havia sido o resultado de um trabalho de intensificação dos avisos das áreas impróprias. Por isso precisamos investigar as circunstâncias desse incidente em Piedade para sabermos o que pode ter motivado”, comenta o presidente do órgão.
Reforço nos avisos de área perigosa
Em 2016, o Cemit iniciou a instalação de 110 novas placas de alerta aos ataques de tubarão na orla da Região Metropolitana do Recife (RMR). Os equipamentos foram instalados no trecho de Olinda até a Praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, também no Grande Recife, para substituir placas deterioradas ou extraviadas.
Casos recentes
Em janeiro de 2018, um surfista de 20 anos foi atacado por um tubarão no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. O jovem, natural da Bahia, surfava na Praia da Conceição no final da tarde de 12 de janeiro quando caiu da prancha e foi mordido. Encaminhado a uma unidade de saúde, o jovem teve alta no mesmo dia por se tratar de um ferimento leve.
Em dezembro de 2015, um turista do Paraná foi atacado por um tubarão na Praia do Sueste, também em Fernando de Noronha. O homem estava mergulhando no momento do ataque e teve a mão e parte do braço amputados. Segundo o International Shark Attack File (Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão, em inglês) da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, esse foi o único caso de ataque de tubarão verificado no Brasil em 2015.
Em 2013, uma jovem de 18 anos, de São Paulo, foi atacada por um tubarão na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Atacada em 22 de julho, ela faleceu no dia seguinte, após ter sido internada no Hospital da Restauração.
Contagem oficial de casos
Em Pernambuco, a contagem começou a ser feita pelo Cemit há 24 anos, quando os casos passaram a ser mais recorrentes no estado. Desde 1992, 24 pessoas morreram vítimas de tubarões no litoral pernambucano. No mesmo período, o órgão registrou 62 incidentes, termo utilizado para enquadrar ocorrências envolvendo seres humanos e tubarões.
Segundo o Cemit, a ocorrência registrada neste domingo (15) não faz parte da contagem pois precisa ser estudada. “Precisamos saber se podemos considerar realmente um incidente com tubarão antes de inseri-lo nas nossas estatísticas”, explica o presidente do órgão.
Dicas de prevenção
De acordo com o presidente do Cemit, os banhistas precisam estar atentos a placas e condições naturais antes de entrar no mar. “Os conteúdos das placas não devem ser ignorados. Eles são fruto de uma pesquisa prévia ou até mesmo de incidentes registrados nos locais em que há o alerta”, esclarece.
“Seja turista ou nativo, é preciso pedir informações aos guarda-vidas sobre a segurança na área. Também é importante ficar de olho em condições climáticas, pois em dias de chuva, por exemplo, a água fica turva e o banho de mar não é recomendado”, comenta o coronel Leodilson Bastos.
G1 / PE