segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Milhares de alunos estão sem aulas e a polícia ainda tenta prender o chefe do tráfico, Rogério Avelino da Silva:


Acessos da facela estão patrulhados, mas criminosos têm saído pela mata.
Mais de cinco mil alunos de escolas públicas particulares estão sem aulas.

No Rio de Janeiro, o cerco à favela da Rocinha completou quatro dias. Milhares de alunos estão sem aulas e a polícia ainda tenta prender o chefe do tráfico, Rogério Avelino da Silva.

Soldados do Exército no alto da favela e nas principais entradas da comunidade. A presença maciça das tropas federais deveria dar uma sensação de segurança aos moradores. Mas, no quarto dia do cerco dos militares, muita gente ainda tem medo de falar da situação.

Mesmo com os riscos de tiroteio, um grupo de turistas estrangeiros visitou a favela nesta segunda-feira (25) à tarde. A alemã disse que não teve medo, mas também que não entendia muito bem o que estava acontecendo ali.

Apesar dos acessos da favela estarem patrulhados e das constantes revistas, bandidos têm saído da Rocinha. Forças especiais da polícia tentam localizar criminosos que estariam escondidos na mata. A ação tem o apoio de helicópteros da Força Aérea.

A fuga de traficantes também preocupa os bairros vizinhos. Escolas que ficam no alto da Gávea, na Zona Sul, não abriram nesta segunda. Mais de cinco mil alunos de escolas públicas e escolas particulares ficaram sem estudar.

“Agora eu vou ter que levar ele para o trabalho. É o que está acontecendo com a maioria das mães tendo que levar para o trabalho”, disse a mãe de um aluno Jaqueline Ferreira.

Muitos colégios já avisaram aos pais que nesta terça-feira (26) também não vai ter aula. “Nós não queremos arriscar de nenhuma maneira a vida dos nossos alunos, nossos funcionários e nossos professores também”, afirmou a diretora de escola Glória Fátima Nascimento.

De manhã, polícias entraram no Morro do Turano, na Zona Norte, que fica a mais de sete quilômetros de distância da Rocinha. Eles estavam atrás de bandidos que teriam fugido de lá e estariam escondidos na favela. Houve troca de tiros, mas ninguém foi ferido ou preso.

Na Rocinha, os traficantes também mostram o domínio sobre a comunidade ao impor regras. Muitos moradores têm relatado que estão proibidos de fazer vídeos ou fotos de dentro da favela.

Ameaçados, os moradores têm medo de ajudar a polícia. “É muito importante que a população contribua trazendo informações que só a comunidade tem. E informações que são valiosas para polícia que dão uma linha de trabalho para ela. O sigilo é garantido e a pessoa pode então tranquilamente trazer informações que ajudem à polícia”, afirma Zeca Borges, coordenador Disque-Denúncia.

Desde o início da operação, seis pessoas morreram, cinco ficaram feridas e nove foram presas em flagrante. A polícia apreendeu 14 fuzis e 25 granadas. Nesta segunda-feira (25), mais um suspeito foi preso.

O Ministério da Defesa diz que a movimentação das tropas acabou com os tiroteios entre traficastes rivais dentro da Rocinha. Mas ainda há troca de tiros entre policiais e bandidos como aconteceu nesta segunda-feira cedo. Não houve feridos.

A bandeira pendurada na sacada de um apartamento dentro da favela é mais um pedido silencioso do que esperam os moradores.


g1.globo