O empresário Joesley Batista, dono da JBS, revelou em delação feita ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, ainda não homologada, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pediu R$ 2 milhões. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (17) pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
O pedido de Aécio foi gravado por Joesley, e a entrega do dinheiro a um primo do senador foi gravada pela Polícia Federal, que pela primeira vez realizou “ações controladas” no âmbito da Lava Jato para a obtenção de provas.
Parte do diálogo entre Aécio e Joesley foi divulgado pelo jornal. “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, propôs Joesley.
“Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”, teria respondido Aécio.
O dinheiro foi entregue a Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio e ex-diretor da Cemig, por indicação do senador. Foram feitas 4 entregas, e o dinheiro foi repassado por Fred para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zezé Perrella (PSDB-MG), que fez três viagens para Belo Horizonte levando o dinheiro. Nelas, ele foi seguido pela Polícia Federal. O dinheiro foi rastreado pela PF, que descobriu que eles foram depositados numa empresa de Perrella.
O empresário se encontrou com o senador duas vezes no mês de março, munido de um gravador escondido.
A Procuradoria Geral da República (PGR) adotou medidas não usuais para que as conversas de Joesley com a Justiça não vazassem. O empresário entrava pela garagem da sede da procuradoria e subia para a sala de depoimentos sem ser anunciado na portaria.
Enquanto discutia a delação no país, a JBS contratou o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, onde a empresa tem 56 fábricas e lidera o mercado de suínos, frangos e bovinos.