Em 2014, a média diária na capital amazonense foi de 2,7 homicídios. Mais de 100 detentos que fugiram ainda estão foragidos
Parentes aguardam informações na entrada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). Pelo menos 80 pessoas morreram durante a rebelião de detentos que ainda acontece no local - 02/01/2017 (Edmar Barros/Futura Press/Folhapress)
Após o massacre de 56 presos e a fuga de 184, Manaus foi atingida por uma onda de homicídios. Em 24 horas, foram registrados oito assassinatos na cidade, todos ligados ao tráfico, segundo informações da polícia. Em 2014, a média diária na capital amazonense foi de 2,7 homicídios dolosos, informa o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Entre os casos que podem ter ligação com a fuga dos presos está o de um homem identificado apenas como “Lúcio”, que foi morto com 12 facadas, teve a cabeça decapitada e o corpo jogado em uma lixeira na zona norte de Manaus. Segundo familiares da vítima, ele havia tido envolvimento com o tráfico, mas estava afastado havia quase um ano.
Além da onda de mortes, foram registrados furtos, roubos e tentativas de arrombamento, mas ainda não há balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, que montou uma força-tarefa para atuar na captura dos foragidos.
Apenas 18 dos 39 corpos identificados de vítimas do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) já foram liberados pelo Instituto Médico-Legal (IML). De acordo com funcionários do IML, a unidade não está preparada para atender a essa demanda e, com isso, faltou material de trabalho, um dos fatores que contribuíram para a lentidão da identificação dos corpos.
Segundo um dos legistas, outro fator que está atrasando a identificação é que, como a maior parte dos detentos foi esquartejada, faltam pedaços dos corpos e isso impossibilita a liberação, mesmo após o reconhecimento por meio de fotos. De acordo com um funcionário, “no dia do massacre faltaram luvas, gaze, foi um verdadeiro desespero para emprestar dos hospitais para conseguir dar conta do que estava acontecendo naquele momento”.
Espera — As dezenas de informações desencontradas foram o pior tormento de Marisa, mãe de um dos 60 presos assassinados na chacina. Segundo a dona de casa, do momento da primeira informação, horas após a festa de réveillon ocorrida no Compaj, até o reconhecimento do corpo do filho foram dois dias. “Eu não sabia de nada, a gente primeiro ficou na frente da cadeia, depois viemos para o IML, mas sem ter certeza de nada, e mesmo depois que tive certeza de que meu filho tinha morrido eu continuei sem ter muitas informações.”
(Com Estadão Conteúdo)
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