Gravações revelam um movimento que muda a dinâmica do crime nacional: a facção de São Paulo fincou base no Rio, rompendo acordo com o Comando Vermelho
Ao longo de um mês a reportagem de VEJA conversou com investigadores, promotores e advogados para tentar entender o que estava por trás do racha entre as duas maiores facções criminosas do Brasil. O sangrento fim de semana de outubro que resultou em 21 mortes dentro de cadeias do Norte do país, na verdade, era o resultado de um conflito por poder, dinheiro e domínio de territórios. Um conjunto de gravações telefônicas obtidas por VEJA com exclusividade prova, de forma inequívoca, que os paulistas do Primeiro Comando da Capital (PCC) conseguiram, enfim, romper a última barreira de resistência e fincou pé no já tumultuado Rio de Janeiro. O embate com o Comando Vermelho, seu antigo aliado por duas décadas, pode-se desenrolar num cenário ainda mais preocupante.
O assassinato de Jorge Rafaat, o Rei da Fronteira no Paraguai, os rituais de batismo em cadeias fluminenses, as regras previstas no Estatuto criminoso da quadrilha de origem paulista que, se descumpridas, podem custar a vida. Tudo isso articulado por um bandido com o sugestivo apelido de Fantasma, preso numa unidade de segurança máxima do Paraná, que com um telefone celular nas mãos vem ‘ganhando almas’ para o PCC e aumentando sua rede criminosa no Rio de Janeiro. A investigação da Polícia Civil reuniu tudo isso em mais de 1500 telefonemas, cujo os melhores trechos estão na edição de VEJA desta semana.