Ex-ministro da Cultura afirmou que o presidente o "enquadrou" para resolver a questão do prédio em Salvador
O presidente Michel Temer e o ministro da Cultura, Alexandre Calero, durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural, em Brasíia (Beto Barata/PR)
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou, em depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira, que o presidente Michel Temer o “enquadrou” para que ele encontrasse uma “saída” para a questão envolvendo o prédio La Vue Ladeira da Barra, em Salvador, na Bahia. O empreendimento foi barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por se localizar em área tombada. Calero já havia dito antes, em entrevistas, que o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o havia pressionado a liberar a obra – e que este seria o principal motivo da seu pedido de demissão do ministério. À Polícia Federal, o ex-minstro agora diz que também recebeu pressão de Temer em favor de Geddel, que tem um apartamento no prédio. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo na tarde desta quinta-feira.
“Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, disse Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
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