sábado, 24 de setembro de 2016
Caso Rebeca: Estudante foi morta por ter descoberto que padrasto traiu a mãe
O cabo da Polícia Militar Edvaldo Soares da Silva, acusado de estuprar e matar a estudante Rebeca em 2011, foi indiciado por por homicídio qualificado e estupro. O delegado Glauber Fontes, responsável pelo caso há 3 anos, disse que há diversos indícios que apontam para a culpa do indiciado, dentre eles o uso de álibi falso. Edvaldo, que era policial, não estava escalado para trabalhar no presídio do Roger, fato que alegou em sua defesa. “No dia do crime ele não estava escalado para trabalhar, usou o presídio como álibi. E conseguimos derrubar essa informação”, disse. Conforme Fontes, no relatório final há 22 indícios que foram capazes de fazer com que chegássemos a nossa conclusão. O padrasto de Rebeca está preso no 1º Batalhão da Polícia Militar.
De acordo com o processo, o álibi utilizado pelo réu foi desconstituído pelos elementos da investigação. “O fato é que o delegado de polícia colheu a oitiva de todos os policiais que estavam de plantão no Róger naquele dia e todos afirmaram que Edvaldo solicitou à autoridade superior, por duas vezes, autorização para sair e resolver problemas pessoais, tendo sido atendido no seu pleito. Essas saídas, até agora não explicadas pelo acusado, ocorreram justamente no horário da morte da menor Rebeca”, destacou. O relator do processo é o desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos. “Relacionamento extraconjugal e masturbação compulsiva”.
Segundo Fontes, as motivações do crime foram duas. A primeira, por Rebeca ter descoberto um relacionamento extraconjugal, e a segunda, por comportamento sexual anormal do padrasto. “A motivação do crime foi devido a vítima ter descoberto um relacionamento extraconjugal do padrasto através de mensagens de celular. E o segundo, por comportamento sexual anormal, o individuo realizava masturbação compulsiva dentro de casa”, afirmou.
Há indícios de que Rebeca presenciou as práticas libidinosas do padrasto. E também seria de conhecimento da mãe de Rebeca e de outros familiares das práticas contra o pudor de Edvaldo. De acordo com dados da perícia técnica, foi comprovado que o padrasto de Rebeca estava nos entornos do local do crime, no intervalo de tempo que os dados apontaram como horário da morte da estudante, que seria entre 8h10 e 12h10.
“Através de dados técnicos a polícia conseguiu identificar a presença dele nas proximidades do local no intervalo de tempo em que a perícia concluiu que ocorreu o crime. E nesse intervalo, conseguimos identificar a presença dele nas proximidades do local do crime através de dados técnicos”, detalhou. O padrasto alegou que estava em horário de trabalho nesse intervalo de tempo, álibi que foi derrubado pelas investigações. Há indícios que pelo menos mais uma pessoa participou do crime. Um inquérito complementar já está acontecendo e, conforme o delegado, agora vai ser intensificado, já que o inquérito contra Edvaldo Soares foi encerrado e o alvo é mais específico, seria essa segunda pessoa. “O inquérito complementar tem por objetivo identificar pelo menos mais essa pessoa, ou eventualmente mais duas. Enfim, para identificar esse comparsa”, revelou.
O padrasto, Edvaldo Soares, não confirma nenhuma das informações em relação ao crime. “Ele mente o tempo todo. Mente sobretudo e o tempo todo. Mas a palavra dele diante do que foi reunido pouco importa”, informou o delegado Glauber Fontes. “Mais de 100 pessoas foram ouvidas, e várias linhas de investigação descartadas. E apenas uma se firmou, que foi a do padrasto”, detalhou. Principal suspeito do crime, Edvaldo Soares estava preso desde o dia 22 de julho deste ano depois de um decreto do promotor do 1º Tribunal do Juri de João Pessoa, Marcus Leite.
A prisão foi prorrogada por mais 30 dias após o período inicial. De acordo com o delegado Glauber Fontes, que coordena o inquérito que apura o homicídio da estudante Rebeca, a prorrogação foi solicitada pela Polícia Civil, Ministério Público e 1º Tribunal do Júri para dar continuidade às investigações. Ele chegou a pedir um habeas corpus, mas foi negado de forma unânime pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).
Na justificativa do pedido, o promotor alegou que Edvaldo vinha obscurecendo as investigações sem fornecer elementos para a elucidação do crime. “Há várias contradições, como álibis do padrasto que se não se confirmaram, aliado ao seu perfil voltado para crimes de natureza sexual, fundamentando ainda mais o decreto da prisão temporária”, disse o promotor na época da prisão.
Mãe de Rebeca saiu de casa temendo se atacada
Em julho de 2015, ao ser citado como suspeito do homicídio, a mãe de Rebeca, a dona de casa Tereza Cristina Alves expulsou o marido de casa. Em seguida, alegando estar sendo ameaçada por desconhecidos, abandonou a casa onde morava. Na época, ela disse temer pela própria segurança e a do filho de seis anos de idade. “Se meu marido foi denunciado como possível mentor do crime da minha filha, os executores também estão soltos. E não sei o que pode acontecer comigo e com meu filho. Esse foi um grande baque para mim e estou vivendo agora um dia de cada vez”, destacou.
Na época, a promotora do caso, Artemise Leal recebeu um documento que continha o pedido de prisão preventiva de Edvaldo Soares, porém, ela acreditou que os indícios contra ele eram frágeis e deu parecer contrário, solicitando mais investigações sobre o caso. Segundo a promotora, o pedido de prisão preventiva dizia que Edvaldo Soares estava tendo um caso extraconjugal no ano de 2011. O relacionamento teria sido descoberto pela enteada Rebeca, que na época, estaria extorquindo o padrasto em troca de silêncio.
O Crime
Rebeca Cristina tinha 15 anos quando foi abusada sexualmente e assassinada em 11 de julho de 2011, quando fazia o trajeto entre a casa da família e o colégio que estudava, em Mangabeira VIII, João Pessoa. A estudante tinha saído de casa às 7h para assistir aula no Colégio da Polícia Militar quando foi raptada. O corpo foi encontrado em uma matagal na Praia de Jacarapé, Litoral Sul.
O corpo da estudante foi encontrado com várias marcas de disparos de arma de fogo, em um matagal.
JP Online