A prefeita da cidade de Monte Horebe, no Sertão paraibano, Cláudia Dias (PSB), que foi presa 3ª fase da Operação Andaime, passou mal enquanto estava detida na sede do Corpo de Bombeiros, em Sousa, durante a tarde desta quinta-feira (18). A gestora precisou ser atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), após sentir uma forte dor na cabeça e recebeu assistência ainda no local onde está presa.
Segundo o Samu regional da cidade de Sousa, a prefeita apresentou um quadro de cefaleia intensa e foi medicada. De acordo com o soldado Márcio José, do 6º Batalhão de Bombeiro Militar (6ºBBM), para onde a prefeita foi transferida depois da prisão, o atendimento aconteceu por volta das 15h40 (horário local). Até 16h30 (horário local) a gestora seguia presa na sede do Corpo de Bombeiros e não havia informação se ela seria transferida ou deixaria o local.
A 3ª fase da Operação Andaime, que investiga fraudes em licitações de obras em municípios da Paraíba,é encabeçada pelo Ministério Público Federal (MPF). A informação da prisão da prefeita foi confirmada pelo delegado da Polícia Federal Antonio Glautter Morais. O marido da prefeita e um empresário dono de uma construtora também foram presos.
Cláudia Dias já havia sido afastada do cargo duas vezes, mas, por força de liminar, seguia no mandato. Após a prisão, ela foi encaminhada para a sede do Ministério Público Estadual da Paraíba em Cajazeiras. As fraudes nas licitações das cidades no Sertão da Paraíba foram destaque de uma reportagem do Fantástico no domingo (14). Os desvios na cidade de Monte Horebe foram citadas na reportagem.
Na ação desta quinta-feira, que acontece, além de Monte Horebe, em Cajazeiras, Bonito de Santa Fé e Uiraúna, todas localizadas no Sertão paraibano, o Ministério Público e a Polícia Federal devem cumprir sete mandados de prisão preventiva, 27 de busca e apreensão e cinco de conduções coercitivas, quando o suspeito é obrigada a prestar depoimento.
Os crimes que pesam indícios sobre os investigados são frustração de caráter competitivo de licitações, lavagem ou ocultação de ativos financeiros, falsidade ideológica e participação em organização criminosa.
Os integrantes da força-tarefa da Operação Andaime vão conceder entrevista coletiva às 10h (horário local), na sede do Ministério Público Estadual em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba.
Afastamentos e operação
No dia 21 de julho de 2015, o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) determinou que a prefeita ficasse a 100 metros de prédios públicos no mesmo dia que foi realizada uma operação na prefeitura de Monte Horebe. A determinação ainda envolveu o secretário municipal de Administração, Erivaldo Jacó de Sousa.
Em outra determinação no mês de agosto, o TJ afastou Cláudia Dias do cargo de prefeita. O relator, desembargador Joás de Brito Pereira Filho, alegou que a permanência da acusada no cargo de prefeita representaria risco à credibilidade do poder judiciário e ao patrimônio público municipal.
A primeira etapa da Andaime aconteceu no dia 26 de junho e cumpriu três mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária, quatro de condução coercitiva, 18 de busca e apreensão e 15 medidas de sequestro de bens. Durante a operação, também foram apreendidos dinheiro, armas, celulares e veículos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União (CGU) e Polícia Federal, foi desarticulada uma organização criminosa especializada em fraudar licitações em 16 prefeituras do Sertão.
Segundo os órgãos envolvidos na operação, o esquema era centrado em duas empresas fantasmas. A partir dessas duas empresas, se os suspeitos eram organizados em núcleos regionais nos municípios que realizavam as obras públicas supostamente em nome dessas empresas, mas que usavam notas fiscais frias para mascarar desvios de dinheiro público.
Já em dezembro de 2015, o MPF deflagrou a segunda fase da operação. Dois empresários foram presos e duas pessoas conduzidas coercitivamente para darem depoimentos. Eles são suspeitos de participação em fraudes que envolvem duas empresas fantasmas que venceram 177 licitações de obras na Paraíba, movimentando mais de R$ 18 milhões em recursos públicos.
G1PB